Me contaram que Baíto & Bordado formavam a parelha que puxava o carro de bois lá na Fazenda da Fumaça.
"Tóóca Baííto" dizia o capataz de dentro da carroça que cruzava a estrada.
E logo depois: "Foorça Bordado", sempre no mesmo ritmo.
E assim foi, por muitos e muitos anos, para Baíto e Bordado, que nasceram juntos e desde sempre compartilhavam a mesma canga.

Quando os bois fizeram 14 anos já não tinham mais força para puxar a carroça.
No meio do verão, Bordado completou uma carga vendida para o abate.
Com mais de 750 quilos, pesou quase o dobro dos novilhos que lhe faziam companhia no caminhão.
Baíto ficou para a próxima carga, dalí a 30 dias.

Imagino que Baíto se sentiu solitário.
Foi encontrado um mês depois embaixo de uma figueira.
Tão magro que mais parecia um pente, com as costelas aparecendo sob o couro.
Morreu antes do embarque, alí mesmo, deitado, sozinho.

Sem o seu velho companheiro Bordado, não sabia nem pastar...
...ou então não queria...